O design está sempre se reinventando. Quando os recursos ficam mais escassos, despoluir a visão daquilo que parece banal e dar um novo significado é o papel do design sustentável e seus profissionais com consciência ecológica.
Esse ramo do design está reinventando o mercado. É um fazer contemporâneo que une pesquisadores e profissionais criativos.
Aqui, os designers ganham a função de agentes de mudança, assim como os gestores públicos.
Um número crescente de empresas tem entendido como esse campo do conhecimento pode contribuir para desenhar processos, criar uma boa experiência de usuário e contribuir com a questão da sustentabilidade.
No modelo, as empresas usam os conceitos de design para sofisticar sua cadeia produtiva e aumentar o valor em todo o ciclo de vida dos produtos.
Veja como o design sustentável funciona a seguir.
Como o design sustentável evoluiu a forma de fazer negócios?
O design sustentável é o ramo que explora produtos e serviços sintonizados com as questões ambientais não só na produção e no uso, mas também no fim do processo — durante o descarte ou reciclagem.
A ideia reforça a importância de um processo verde em todo o ciclo de vida, não só na produção. Essa é uma tendência que deve se fortalecer nos próximos anos.
O novo consumidor é antenado. Ele não tem tolerância às marcas que rejeitam a sustentabilidade na cadeia produtiva.
A exigência dos clientes
Hoje, o mercado é mais abundante em produtos. Isso faz com que o ciclo de vida útil de cada item se reduza.
Há um problema depois do uso, quando as pessoas se desfazem daquilo que compraram para buscar algo mais novo. Uma das tendências aqui é a durabilidade, em que os clientes exigem uma solução das marcas para os problemas das compras desenfreadas.
As empresas precisam pensar no design priorizando dois pontos:
- o início do ciclo, com uma fabricação pensada em consumir o mínimo de matéria-prima.
- o fim do ciclo, com produtos feitos para um descarte ou reuso consciente.
Nem sempre os produtos quebram. Às vezes, as pessoas fazem a troca simplesmente porque buscam novidades.
Há um incentivo gigantesco por coisas novas. É o que gira a economia. O problema é que isso inflou um consumo desenfreado, que gera muito descarte e lixo. Em países ricos, isso é ainda mais problemático.
O grande número de produtos faz com que as pessoas troquem aquilo que consomem com uma grande rapidez. O design entra aqui para avaliar todo o processo, fundamentando isso com observações.
O profissional é capaz de oferecer as soluções ideais para cada etapa do ciclo de vida do produto.
Cruzando os negócios com a natureza
Cruzar os negócios com a natureza traz inspiração para resolver as questões do dia a dia. A inspiração surge para as soluções na criação de produtos, com o design de produto, ou até nos processos de produção e no modelo de negócios, com o design estratégico.
É uma evolução na forma de fazer negócios. Daqui para a frente, veremos marcas mais preocupadas em gerar um valor compartilhado, para todos os stakeholders — sociedade, investidores, parceiros comerciais, clientes e funcionários — e não apenas para si próprias.
Como o design sustentável funciona?
Historicamente, o design não era um atributo simples de produtos. Ele não se resume à estética ou à linguagem plástica. Essa é uma visão reducionista que, com a banalização da palavra, relativizou seu papel no mundo.
O design é um processo criativo poderoso, feito para tornar um objeto melhor para as pessoas, repensando se o que está disponível é realmente bom.
Só que, isso traz a reflexão sobre o que esse “bom” significa e para quem. São assuntos centrais no design, que nos ajudam a entender se ele define o ser humano como o elemento mais importante de um cenário complexo.
A partir daí, os profissionais de design estudam o seu comportamento para promover uma solução que seja relevante.
O paradigma industrial se focou em criar novas demandas de consumo até o final do século passado. Hoje, vemos uma produção flexível, com os setores adaptando seus produtos graças à demanda por diferenciação.
A relação das pessoas com os produtos mudou. Agora, uma compra é carregada de conceitos e questões simbólicas.
Aqui, o design passou a ser solicitado para repensar soluções a necessidades sociais complexas. Projetar passou a ser sinônimo de atuar também sobre esses problemas.
O desafio do design sustentável
O design passou a assumir sua responsabilidade com o futuro e a sustentabilidade virou o foco.
Quando pensamos que tudo o que o design criou durante sua história será descartado como matéria-prima, precisamos entender que, para que algo novo surja, deve primeiro oferecer um baixo impacto ambiental.
O design sustentável também vai além e explora como conseguir o maior nível de benefícios sociais e humanos a partir desse sistema produtivo, conduzindo de forma estratégica as soluções e materiais mais corretos, saudáveis e justos.
Não dá para mudar a cultura de consumo sem mudar a forma de pensar e criar o mundo. Itens biodegradáveis, produtos mínimos e objetos compartilhados tendem a ocupar mais espaço no universo do design.
Veja algumas das principais abordagens:
- design verde, com materiais renováveis e de pouco impacto ambiental;
- design emocional, com produtos feitos para despertar as emoções das pessoas e deixá-las propensas a usá-los por mais tempo;
- biomimética, uma inspiração natural para os produtos;
- design para o comportamento sustentável, com incentivos para que as pessoas sejam mais sustentáveis;
- ecodesign, com produtos que levam todo o ciclo de vida em conta;
- berço-a-berço, com produtos que serão reciclados ou reutilizados no fim da vida útil.
O papel da economia circular
A economia circular é uma filosofia que repensa nosso modelo de produção e consumo, planejando o futuro do planeta.
O termo “circular” vem da ideia de trazer práticas sustentáveis e pensar no ciclo completo do produto, mudando a lógica da tradicional economia linear — o crescimento empresarial à custa de produzir, consumir e descartar.
Nesse modelo, os resíduos que seriam descartados são reexplorados como material para novos produtos.
Daí, a importância do design sustentável. São os designers que estão por trás do design e da qualidade do produto, tendo um papel na forma que são produzidos.
Outro termo para falar sobre o assunto é o ESG — environmental, social and governance, ou “meio ambiente, social e governança”. É uma política de investimento sustentável que já é aplicada em marcas como o Grupo Boticário.
O design sustentável se antenou às demandas do planeta e tem um papel no “capitalismo stakeholder” — o novo paradigma do mercado, no qual as empresas precisarão trabalhar juntas pela prosperidade do planeta e de si próprias.
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